Por Martinho Sampaio || A filosofia africana deve aprender da filosofia latino-americana: a filosofia da libertação, para a filosofia da auto consciência educativa.
Enrique Dussel, Filósofo argentino, radicado no México é autor e mentor da Filosofia da libertação, que inspirou toda a América Latina. Hoje é o ídolo desta corrente do pensamento moderno. Suas ideias revolucionaram para aquilo que é hoje o monstro do mundo emergente da América Latina.
Mas infelizmente em África os pensadores das liberdades não tiveram rumo nem objectivos. Pois, tal como sustenta Ngoenha, os movimentos africanos de libertação lutaram por uma libertação para implantar outra escravatura. Mas o que torna diferente é o facto de se tratar de uma escravatura interna e não externa. Irmãos que se tornaram ditadores para seus coirmãos.
Esta é a forma mais caricata. Mais insensível porque os libertadores esqueceram-se dos seus ideais ou então não sabiam as razões das suas lutas. Lutavam somente como cães e macacos na selva.
Hoje, em meu entender a África não precisa daquilo que construiu como corrente adormecida e que veio se chamar de filosofia africana, sem mudar mente alguma, quando na verdade, como diz Fanon, seus pensadores queriam filosofar, ignorando os reais problemas de seu continente. Por esta razão desembocaram no tantan, como Senghor a força do batuque, da marimba, da puita, do tchinzomba, da makumba, para reforçar o poder.
A África é sempre a mesma em toda parte, sem excepção. Significa que o homem africano, por mais que venha cá a Europa e a África ir para Europa e depois trocar, isto não vai mudar. Sabem porquê? Porque isto passa pela educação conjunta de um povo, de política séria de seu governo e finalmente da intervenção de uma sociedade interventiva e religiosa, por ser uma das balizas mais antigas e culturais da humanidade.
Pelo contrário estes sectores andam mais adormecidos pelo factor económico, porque acham que não têm forças para produzir, pois é assim que a religião cristã africana pensa. Daí estarem presos aos caprichos dos governos predadores.
Portanto, a África necessita não de libertação somente, mas de uma consciência Crítica, capaz de transformar a razão encavernada no platonismo, para a educação condigna, crítica de seu real. Capaz de pensar que o seu mundo que lhe merece não é este, de omnipartidarização. Mas da pluridiferenciação harmônica. Reflictamos juntos!