Associando-se às ferramentas para destruição do ditador angolano

Associando-se às ferramentas para destruição do ditador angolano

CRUZ FERRAMENTAS
[Pt| rmc| Domingos da Cruz. Autor do livro]
Por Gilberto Teixeira*|| Para início da opinião…Antes de tudo preciso reconhecer que  a obra “FERRAMENTAS PARA DESTRUIR O DITADOR E EVITAR UMA NOVA DITADURA. Filosofia política da libertação para Angola” foi para mim uma revelação, ou seja, alguém na escuridão procurando por caminho, indeciso pelo caminho a seguir diante da escuridão tenebrosa, aparece miraculosamente uma luz que ilumina o caminho e percebe claramente o percurso.

Para começar a discorrer sobre o livro decidi começar pelas frases que denotam o cristianismo como pacifista e não pacífico. Talvez por causa das minhas convicções e creio que ninguém está totalmente despido da crença que acarreta quando pretende emitir uma opinião.

Parece-me que o autor ao usar a afirmação acima sublinhada, tem em conta as igrejas e suas tristes análises contemporâneas ligadas a teologia da prosperidade sem inculcar nelas o espírito libertdor e crítico. Deixou de lado as ideias que o deram corpo, a sua essência enfim, falarei com Huston para devolver-nos a ideia milenar do cristianismo de forma viva. Através da sua obra de referência no universo dos estudos religiosos, […] Huston Smith, é considerado a maior autoridde americana em estudos religiosos. O aqui descrito foi retirada da sua obra “A essência das religiões. A sabedoria das grandes tradições religiosas”.

É indiscutível que o cristianismo tem a sua origem e fundamentos no judaismo. Sendo Jesus um autêntico judeu, dos seus ensinos que causam escanda-los ao mundo evoco:

Dizem-nos que não resistamos ao mal, antes oferecendo outra face. O mundo assevera-nos: há que resistir ao mal por todos os meios possíveis. Dizem-nos que amemos os nossos inimigos e abençoemos os que nos amaldiçoam. O mundo assume que devemos amar os amigos e odiar os inimigos. Dizem-nos que o sol nasce para os justos e para os injustos da mesma maneira. O mundo considera que isso é pouco criterioso e preferiria ver as nuvens acumular-se sobre as pessoas más. […]. o grande filósofo russo Nicolai Berdyaev afirmou que percorre estes ensinamentos um vento de liberdade que assusta o mundo, e faz-nos rejeitá-los, protelando-os  ― ainda não, Ainda não! Obviamente, H.G.Wells tinha razão: ou este homem tinha algo de louco, ou os nossos corações são ainda demasiado pequenos para a sua mensagem.

O judaísmo (Jesus foi um filho autêntico do judaísmo) definiu a história como simultaneamente importante e sujeita a crítica. Os que não aprendem com a história estão condenados a repiti-la […]. Por contraste, no judaismo há uma tensão entre as possibilidades divina e as manifestas frustações da história. Existe uma tensão aguda entre o deve ser e ser. Como resultado disso, criou as condições para o protesto social. Quando as coisas não são o que deviam, torna-se inevitável uma mudança qualquer. A ideia deu frutos. Foi nos territórios afectados pela perspectiva históricas dos judeus que nasceram as ideia – chave para o melhoramento social. Os profetas estabeleceram o padrão. “Protegidos por sansões religiosas, os profetas da judeia foram uma força política reformista sem rival que talvez nunca tenha sido igualada na história mundial subsequênte.” Inflamados pela convicção de que as coisas não eram o que deviam ser, invocando o nome de Deus que representavam, criaram um clima reformista que “deixa a perder de vista Hyde Park e a época de ouro dos jornais sensacionalista.” Vê o que diz Isaías: designei-te para seres a luz das nações, para dares vista aos cegos […]. A questão que se impõe é: luz com injustiça, com silêncio, com consentimentos do triunfo da maldade? Importa destacar que as frases de Isaías têm duas dimensões: espiritual e social.

Embora os judeus e “cristãos” fossem capazes de atribuir um significado ao seu sofrimento, deram-lhe mas amplo sentido, que atingiu o seu clímax no messianismo.

Podemos analisar este conceito a partir de um facto notável. A idéia de progresso – a crença de que as condiçõe de vida podem evoluir para melhor e que, neste sentido, a história pode ter uma finalidade  ―  surgiu no Ocidente. Os outros povos que chegaram a esta noção adquiriram-na no Ocidente.

Sendo um facto notável, parece ter uma explicação. Se nos ativermos às duas religiões que mais vingaram  […] descobriremos que os seus perfis dominantes foram forjados por pessoas  que estavam no poder […]Por contraste, o perfil do Ocidente foi, quanto a este ponto, decisivamente delineado pelos judeus que, durante a maior parte do seu período formativo, pertenceram a classes sociais desfavorecidas. As classes dominantes podem estar satisfeitas com o statu quo, mas os desfavorecidos não. A menos que o seu espírito de luta tenha sido esmagado, o que nunca aconteceu ao ânimo dos judeus, as classes oprimidas aspiravam ao desenvolvimento.

Entre os judeus versos cristão, têm uma coisa em comum: a convicção de que cada ser humano, pela simples virtude de sua humanidade, é filho de Deus e, por isso, detentor de direitos que até os reis têm de respeitar. Os profetas entram no palco da história como uma força estranha, elementar e explosiva […] onde para eles os reis parecem pequenos e o poder dos poderosos nada é comparado com a pureza, a justiça e a misercórdia. Isto é tanto mais verdade quanto, sempre que homens e mulheres recorrem à história em busca de encorajamento e inspiração para a velha luta pela justiça, os encontraram, acima de tudo, nas retumbantes proclamações dos profetas.

Para concluir esta parte: os desfavorecidos só podem olhar numa direcção e foi o pendor ascendente da imaginação judaíca (pivó do cristianismo) que acabou por levar o Ocidente a concluir que as condições de vida em geral podiam melhorar.

A pomba é uma ave que sabe lidar com homens quando bem tratada, porém a cobra, ataca em momentos próprios. Não é isso que o livro em causa quer dizer? Se sim, Jesus na sua caminhada disse: sedes simples como as pombas e prudentes como as serpentes.

Pontos que fazem o livro como tal…

O livro em geral é difícil separar várias partes das outras pelo complementos e consistência que apresenta como um todo. Mas, para o nosso ponto de vista vimo-nos obrigados a faze-lo:

CAPA-DC1 (2)
[Pt| OI| Livro em forja…]
Na página 12 há uma frase que diz, “usar armas demonstra que somos igualmente selvagens como o ditador e perderiamos autoridade moral e legitimidade democrática”. Sou obrigado a concordar parcialmente com esse raciocínio por causa do contexto, especialmente de Angola. Porque até agora a  posição norte-americana sobre derrubar ditadores (quando lhes convém) funciona, nem por isso deixou de ser ou deixa de ser referência da democracia. Percebo que em alguns contexto, paz se necessário mas, liberdade a qualquer custo (com vista a alcançar a verdadeira paz).  No caso angolano concordo sem reservas a luta proposta pelo autor devido a desproporção das forças entre o ditador e o grupo da luta facífica e resistência civilizada.

A ideia segundo a qual o derrube não deve ser feito por estrangeiros é digno de nota porque quando isso acontece não é liberdade, pois ela (a liberdade)  nunca fica sob ombrela de outros.

Ao longo do livro vi a necessidade de mobilizar os oprimidos (pág.13).  Parece ser um desafio importantíssimo no caso angolano, pois creio que o espírito de luta ainda não foi esmagado, precisa simplesmente ser redirecionado. Para isso há que sermos concretos:

  1. Num plano estratégico deve-se criar grupos “dos indignados” que anotem todos os erros do sistema ditatorial e tornem-a públicos até ao menos esclarecido.
  2. Apresentação de posições correctas ao povo através dos indígnados.
  3. Sessões de formações aberta aos interessados. Devidamente seleccionados com vista a servirem de apoio na expansão da indignação das massas.
  4. Encontros abertos de “agitação mental” sem selecção nenhuma, pois visaria dar ânimo aos oprimidos.
  5. Identificar claramente as instituições que apresentam algumas possibilidades de serem transformadas em grupos de pressão.
  6. Os professores constituem um bom elo de ligação na construção de grupos indignados pelas seguintes razões: a primeira encontra-se no livro na página 69 quando diz que “os detentores do poder […] não têm tempo para promover o bem-estar, traduzindo-se numa carência social insuportável. Esta atmosfera de carência, deve ser aproveitada e capitalizada pelas forças revolucionárias.” A segunda pela influência massiva que eles podem representar na expansão da indignação.

Outra ideia que merece ser destacada está na página 21, que mostra a necessidade de viver com o mínimo de dignidade quando faz-se parte do grupo dos “indignados”. Dada a detenção (control) de todo sistema económico pelo ditador, precisa-se duas posições:

1 – O revolucionário deve perceber que na luta, à eles nem uma gota de água pode esperar verter.

2 – A necessidade de competência para independência financeira deve claramente estar assente e associada ao financiamento externo.

O livro passou a ideia clara que a sociedade não é democrática (pág. 23). Ideia com  a qual concordo. Logo, as famílias não são democráticas. Imprimindo assim uma luta dual da parte dos indignados: contra o ditador e a sua corja e as famílias. Assim, muitos terão que dar-se por perdidos das famílias, ou seja, o verdadeiro indignado com discurso e percurso na luta pela liberdade, terá que estar preparado para influenciar ou ser abandonado (não que seja contra a unidade familiar), mas terá que se enquadrar nas palavras de Jesus ― “por amor a mim muitos serão expulsos dos lares, pais contra filhos…” ou melhor, por amor a liberdade e dignidade da minha família e povo serei expulso…para o desmantelamento da ditadura, a espada da separação poderá vir do ditador contra as famílias e inicialmente pode ser necessária até que os indoutos entendam.

Entendo que a maior estratégia na luta para destruir o ditador deve ser o de criar na populção em geral o sentimento determinado de serem livres e pagar o preço da liberdade (a análise interdisciplinar é imperiosa).

A ideia na “mudanças de estratégia” é uma questão que merece ser cuidadosamente analisada. Pois a pergunta óbvia é: como seria a vida dos indignados caso o ditador fizesse fracassar o plano de luta? Para que os indignados não sejam surpreendidos (o que deve ser inverso) devem ter na sua carteira de luta muitas opções ou estratégias. Ou seja, a mudança na estratégia deve ser previamente construída para serem implementadas a seguir no caso de fracassar a primeira e assim sucessivamente, sem dar tempo ao inimigo ditador.

*Economista e Escritor.

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