Guerrilha em Cabinda: apelo a um “cessar-fogo imediato” para negociação da paz

Guerrilha em Cabinda: apelo a um  “cessar-fogo imediato” para negociação da paz

Gonçalves Vieira│O Bloco Democrático considera “oportuno” o apelo lançado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, com vista a um “cessar-fogo imediato e abrangente” em todos os conflitos que se registam no mundo, incluindo o da província mais ao norte de Angola – Cabinda, onde surgem relatos de confrontos, que têm resultado em vítimas mortais, entre militares da FLEC e das FAA, numa altura em que a humanidade se confronta com uma ameaça que dizima ao um nível global, devido à pandemia do novo coronavírus.

Num comunicado enviado ao Observatório da Imprensa (OI), o BD, partido coligado à CASA-CE, entende que, a “mitigação dos efeitos provocados pela Covid-19, exige a coordenação de esforços e de ampla solidariedade, incluindo de todas as partes em conflitos”, pelo que, apela a um “cessar fogo imediato em Cabinda à luz da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 1 de Julho”.

Segundo o partido liderado pelo economista Justino Pinto de Andrade, a Resolução das Nações Unidas de 1 de Julho do ano em curso, “votada por unanimidade, permite uma pausa humanitária de 90 dias”. Abre, de acordo com o BD, “uma soberana oportunidade para que as forças que protagonizam o conflito armado em Angola, na província de Cabinda – o Executivo Angolano e a FLEC, que declarem “sem tibiezas e no interesse da preservação dos homens, mulheres e crianças do solo pátrio, um imediato cessar-fogo”.

Com o apelo de um “cessar-fogo imediato” lançado pela ONU, sustenta o comunicado do secretariado permanente da comissão política do Bloco Democrático, o governo angolano e as forças da FAC, braço armado da FLEC, devem “criar em simultâneo condições para o estabelecimento do diálogo fraterno, com o apoio da sociedade civil, igrejas e políticos, com vista à paz” em Cabinda.

Para o Bloco Democrático, os “países poderosos e belicistas têm gasto imensos recursos financeiros, materiais e de investigação para produzirem armas mortíferas, relaxando o investimento na educação, saúde e bem estar da humanidade”, facto que, refere a nota, “tem dificultado os desejos de boas vidas com óptimo estado imunológico”.

Na visão do BD, a via da “competição desenfreada e do dispêndio armamentista para sustentar a ideologia do confronto e do domínio retirou recursos à humanidade para enfrentar um inimigo comum para o qual todo este potencial armamentista,  (…) de nada serve”, lê-se.

O comunicado refere igualmente que a pandemia da Covid-19 “é uma patologia que lançou a humanidade na incerteza e que não há garantias de que possa deixar-nos à breve trecho pelo que a procura de soluções duradouras e sustentáveis é a opção mais inteligente e humana, deslocalizando os recursos para o seu combate”.

O BD descreve, o comunicado que temos vindo a citar, “é um partido de paz, sempre privilegiou o diálogo como forma de resolução dos conflitos, sendo as contradições internas reguladas na base do estado de direito”.

“Pelo cessar-fogo imediato em Cabinda e pela manutenção da Paz e Segurança Internacionais,  saibamos construir a liberdade, modernidade e cidadania para todos os angolanos”, conclui o comunicado.

Refira-se que, recentemente, a FLEC anunciou num “comunicado de guerra”, combates entre as Forças Armadas de Cabinda (FAC) e soldados das Forças Armadas Angolanas (FAA), ocorridos nos dias 19 e 20 de Junho último, na aldeia de Mbata-Mbengi, que teriam resultado em onze mortos, na fronteira entre a província angolana de Cabinda e a República Democrática do Congo.

De acordo com a FLEC-FC, no “confronto entre as partes beligerantes”, seis civis e um membro das FAC teriam sido abatidos pelas Forças Armadas Angolanas e quatro soldados angolanos foram mortos pelos “independentistas”, para além do ferimento de três militares das FAA e três das FAC, em estado grave, referia a declaração.

O comunicado assinado na altura pelo porta-voz do Estado-Maior-General das FAC, António do Rosário Luciano, pediu na ocasião uma mediação internacional do conflito, mas até ao momento o Governo de Angola não reagiu.

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