Agostinho Quimbanda| Há quase 50 anos de independência política, e 22 anos do calar das armas em Angola, dos 14 municípios da província de Malanje, 10 não têm rede eléctrica, nomeadamente os municípios de Massango, Marimba, Mucari, Cahombo, Cambundi-Catembo, Kunda-dya-baze, Lukembo, Kirima, Kahombo e Quela.
Cacuso, Kalandula, Kangandala e o município sede (Malanje) são os únicos municípios com a corrente eléctrica.
Fontes indicam que consta da agenda do governo de Angola exportar electricidade para Zâmbia e República Democrática do Congo, via barragem de Laúca e de Capanda, sita no município de Cacuso, província de Malanje.
A falta de eleectricidade nestas regiões levanta as seguintes interrogações: Uma vez que o governo de Angola afirma que pretende atrair investimento ao nível dos municípios, como concretizar sem corrente electrica? Quê tipo de investimento?
A situação económico e social é degradante. Os cidadãos vão vêm qualquer sinal de mudança desta realidade.
Observa-se que quando um governo não tem políticas exeqüíveis, em prol do bem comum, o cidadão não aprende a sonhar e desejar contribuir para uma província melhor, porque o governo está preso à uma visão político-partidária. Ou seja, vale, goza de direitos o indivíduo que faz parte do partido que governa. E assim, por falta de maturidade política dos responsáveis do partido, é marginalizada a visão negativa os que pensam diferente. Da administração até ao soba rotula-se que o que pensa diferente. Silenciosamente excluí-se o indivíduo como não merecedor de direitos.
Um ingênuo pode acreditar que o governo não tem noção profunda da importância da corrente eléctrica nos municípios mas, um olhar meticuloso percebe que temos um governo mercantilista a respeito das barragens que são construídas em Malanje. Dito de outro modo, a corrente eléctrica é transportada não como um direito humano (em prol do cidadão de Malanje). Transporta-se a corrente eléctrica para beneficiar os interesses da oligarquia partidária.
Parece inconcebível, mas uma grande parte da elite do partido MPLA obtem a dupla nacionalidade portuguesa e criam as suas empresas em outros países da Europa, percebe-se que, Malanje-Angola não é projectado de forma séria. Não um visão do bem comum.
Na sequência da banalização política do mosaiko angolano, surge a linguagem hipócrita-partidária de que, «a vida faz-se nos municípios». Aqui levantam-se as seguintes interrogações:
Como é que se podem assegurar os serviços hospitalares, escolares, de segurança pública, comunicação e de outros, sem a electricidade nos municípios do Marimba, Cambundi-Catembo, Quirima, Lukembo, Kunda dya base, Quela, Kahombo. Se pode falar sobre modernidade sem o consumo da energia eléctrica? Os profissionais do sector de saúde e de educação estariam motivados em trabalhar nesses municípios onde não há serviços bancários?