O julgamento do jornalista e activista Rafael Marques de Morais, que estava marcado para a próxima segunda-feira, 15 de Dezembro, foi adiado, segundo informou o activista à rádio Voz da América.
De acordo com o profissional, o adiamento foi pedido pelo seu advogado pelo facto, segundo consta na publicação, de as testemunhas que deseja apresentar não estarem em Luanda.
Rafael Marques é acusado por sete generais de denúncia caluniosa, por ter exposto abusos contra os direitos humanos na região diamantífera da Lunda Norte, no seu livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola.
Publicado em Setembro de 2011, em Portugal, o livro relata mais de quinhentos casos de tortura e cem casos de homicídios perpetrados em dezoito meses nos municípios do Cuango e Xá-Muteba. Segundo depoimentos de vítimas e testemunhas, tais actos foram cometidos por guardas da empresa privada de segurança Teleservice, ao serviço da Sociedade Mineira do Cuango, e por militares das Forças Armadas Angolanas (FAA).
A denúncia, segundo o site Maka Angola, é liderada pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior (Kopelipa), e representantes da direcção de duas empresas de diamantes, a Sociedade Mineira do Cuango e da ITM-Mining.
Os outros seis generais, segundo a notícia, são Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva (inspector-geral do Estado-Maior General das FAA), Armando da Cruz Neto (deputado do MPLA), Adriano Makevela Mackenzie, João Baptista de Matos, Luís Pereira Faceira e António Emílio Faceira.
Apoio internacional
Os Repórteres Sem Fronteiras e outras dezasseis organizações de defesa da liberdade de imprensa e de expressão contestaram as acusações da justiça angolana contra Rafael Marques.
Em comunicado, as organizações recordam que o único “crime” do jornalista foi “ter levado a cabo uma investigação e publicado um livro em 2011 sobre as violações dos direitos humanos relacionados com a exploração dos diamantes em Angola”.[F/VOA].