COVID-19 EM ANGOLA: LEITURAS RURAIS ARREVESADAS

COVID-19 EM ANGOLA: LEITURAS RURAIS ARREVESADAS

Se realmente o país tivesse (…) democracia (…) mais concretamente no que toca à liberdade de informação, aqui o trabalho das rádios comunitárias seria crucial.

Jacinto Pio Wacussanga*│A presente reflexão tem que ver com as informações sobre o Covid-19, sobretudo no que toca às questões de prevenção e gestão de resiliências no seio das comunidades rurais em Angola.

Desde que começaram a chegar as informações ao interior sobre o Covid-19 (o novo coronavírus), somos bombardeados por tantas questões por parte de líderes comunitários, mulheres, jovens, que já perdi a conta de quantas vezes fiquei sem saber o que responder. E o ambiente nacional e global não ajuda para trazer informação credível (com excepção da TPA e da TV Zimbo, bem como da Rádio Nacional).

O vírus alastra como fogo em palha. E, com ele, como em qualquer onda de crise e de desnorte, impostores e oportunistas, escudados por detrás de falsas máscaras institucionais ou pessoais, aproveitam a ocasião para espalharem a expansão da escuridade e dos desejos suprimidos do seu ego imaturo, fazendo-se passar por especialistas e conhecedores do problema. A título de exemplo, levei a mão à cabeça, durante o culto de intercessão para a protecção contra o Covid-19, realizado sob os auspícios do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA) no domingo passado, quando um dos líderes de uma das Igrejas, aproveitando-se da sobriedade do momento, e quando muitas almas estavam coladas aos ecrãs, disse, sem pejo e sem pestanejar, que jejuou durante uma semana e, a seguir, Deus revelou-lhe directamente as causas do coronavírus, sendo uma delas a descrença e as maldades pecaminosas da humanidade. Por isso, devemos converter-nos antes que seja tarde! Olhei para aquele sujeito que se diz pastor, mas sem escrúpulos, e tive de conter uma explosão de raiva e de protesto! Tal implica pensar que os inocentes e culpados são todos alhos e bugalhos, quando o problema do Covid-19 nada tem que ver com um Deus zangado e que se aproveita para eliminar os culpados! Na verdade, o Covid-19 democratizou e equalizou as relações humanas, no sentido de que ninguém é centro de ninguém. Nem China, nem Roma, nem Estados Unidos são mais o centro do mundo. E, oxalá daí surja, qual ave fénix, das cinzas da catástrofe, um mundo de relações mais igualitárias. 

Mas se, nas urbes, o bombardeio das redes sociais quase arrasta as boas mentes para a confusão e insânia, no interior de Angola, faltam desesperadamente informações em quantidade e qualidade para as comunidades rurais se poderem orientar. E, com a falta de informação, aumenta imenso a ansiedade, o desnorte e a desarticulação comunitária. A propósito do medo e da ansiedade geral, um catequista que encontrei ao acaso pela cidade, no domingo da Páscoa, dia 12 de Abril, olhando com algum pavor para a vastidão dos bairros pobres do Lubango e de suas casinhas pegadas umas às outras, corredores apertados, água saponácea das fossas escorrendo verde e viscosa, olhou para mim e disse:

«Padre, se Deus não estiver connosco desta vez, já imaginou essa nuvem negra da pandemia alastrar-se por esses bairros pobres? Algures no Nambambe, Lalula, Kamazingu e Komboni? É fogo na palha!» Estremeci de pavor e só consegui abanar a cabeça afastando essa lúgubre probabilidade e, depois de abastecer a viatura, afastei-me pensativo.

Salvaguardo aqui a grande labuta dos técnicos de saúde, dos voluntários, do pessoal das administrações municipais e comunais que não pregam o olho para acompanhar de perto a luta pela prevenção do contágio do Covid-19 mesmo em face de extrema exiguidade de meios. Sei que as administrações locais, além de articular com os chamados CACS (Conselhos de Auscultação e Concertação Social), têm igualmente passado a informação aos líderes tradicionais para estes a transmitirem às comunidades.

O interior do país não registou qualquer caso…

Mas, na prática, de acordo com a minha experiência de ruralista, a informação em Angola ainda não é democrática e democratizada, e tal vai levar muito tempo e trabalho, ou seja, quanto mais se democratiza um país, mais se liberaliza a informação, e isto poderia fazer a diferença entre vida e morte no conhecimento de ocorrências cruciais. Senão, vejamos como se estrutura o fluxo de informações até que as mesmas cheguem (e como chegam) aos destinatários das comunidades rurais:

Quando o Governo Central exara ou toma uma medida de carácter nacional e que vai afectar igualmente o interesse nacional, esta informação chega aos Governos Provinciais, que a transmitem às Administrações Municipais. Se a informação diz respeito às comunidades (registos notariais, assuntos eleitorais, planos de desenvolvimento, epidemias, endemias), o administrador municipal convoca o CACS, que recebe a referida informação. É distribuída uma agenda previamente elaborada aos membros do CACS e, para o referido encontro, participam quase todos os directores municipais dos serviços administrativos, os representantes dos partidos políticos com assento parlamentar, os representantes das Igrejas reconhecidas, os representantes dos sobas e autoridades tradicionais, e todos recebem as respectivas informações. Na maior parte das vezes, as informações transmitidas top-down são recebidas com simples assentimento e, terminada a reunião, cada um volta para os seus afazeres e a vida continua. Mas o fluxo contrário não é igualmente interactivo. Somente pode ser de natureza informativa. Por exemplo, havendo alguma calamidade comunitária como a peste bovina, que é recorrente por essas paragens e que é de interesse do município, por exemplo, os líderes tradicionais marcam audiência com o administrador comunal ou municipal, e este faz chegar o assunto aos respectivos departamentos provinciais para a respectiva solução. Mas em caso de informações sensíveis que podem pôr em causa a imagem do partido no poder (corrupção de lideranças, falta de capacidade de prestação de serviços, negligência governativa, etc.), o administrador trata essa informação com extrema cautela antes de a encaminhar para níveis hierárquicos superiores. Vezes há em que acaba por engavetar a referida informação para salvaguardar a sua longevidade política, não tendo, as comunidades, canais alternativos para levarem as reclamações adiante.

Desta feita, sobram os poucos que têm aparelhos de rádio e, no caso do Covid-19, conseguem acompanhar a tragédia do que está a ocorrer, por via principalmente do programa da Rádio Ngola Yetu, que tenta distribuir a informação nas línguas das maiorias étnicas de Angola (etnias que se impuseram quantitativa e qualitativamente, incluindo o ibinda). Os que assim escutam o desenrolar do problema passam, em encontros fortuitos entre vizinhos e conhecidos, a informação. Outra fonte são os parentes a viver em grandes urbes, onde, colhendo informações, as passam rapidamente às suas famílias por meio de telefonemas, tirando proveito mormente do saldo grátis que vai da meia-noite às cinco da manhã, o chamado saldo dos pobres. Os jovens que possuem telemóveis com Internet conseguem, à sua maneira, partilhar alguma informação nos seus círculos estreitos, mas à mistura de fake news, que vêm em maior quantidade do que as reais informações sobre o problema.

Não se deve desconsiderar ainda a outra fonte de informação, que são as Igrejas. Existem pastores e ajudantes de pastores a passarem uma mensagem clara (apesar de os ajuntamentos terem sido proibidos, há sempre meios de comunicar com os fiéis em círculos restritos) de que o Covid-19 é uma punição divina por causa de muitos pecados, entre estes o adultério, a fornicação, o homossexualismo, a falta de fé em Deus e que representa o cúmulo da imoralidade, sendo que Deus vai já terminar com este mundo imundo e repleto de pecados.

Sobre o real conhecimento do que é o novo coronavírus, suas causas, manifestações, cuidados imediatos e todo o rol de cuidados a ter, como por exemplo, a cultura das distâncias sociais, o não apertar a mão, não beijar e abraçar, os sistemas de alerta rápido em caso de suspeitos, a articulação entre as comunidades e as instituições que tratam do caso, isto é outra história.

Falando concretamente do Covid-19, todo o pacote de informações disponíveis foi praticamente um fato costurado à medida e às necessidades das grandes cidades, sobretudo à medida de Luanda. Mas vê-se claramente que temos duas Angolas: uma do perímetro urbano e outra do interior. E isto deixa-nos, a nós que vivemos no interior, cada vez mais confusos. Se as pessoas estão confusas, se têm visões desencontradas sobre o que é o novo coronavírus, o que elas interpretam, que visão hermenêutica elas mesmas oferecem sobre a ameaça global e que cuidados as mesmas tomam em relação à dita ameaça?

Em primeiro, o coronavírus, enquanto pandemia, é traduzida em nyaneka, oshiwambo e nalgumas línguas herero (lukuvale, luhakavona e luvimba) como sendo mukihi ou mukifi (epidemia bovina caracterizada por tosse e que mata anualmente milhares de bovinos no Sul de Angola). Alguns falantes de nyaneka a traduzem por epuma, uma espécie de gripe que se manifesta em forma de febre alta, tosse, dificuldades respiratórias, mas que se trata com chás caseiros e com suadores. Os que falam umbundu traduziram a palavra como sendo efengi, que literalmente significa pandemia. Muitos comparam o Covid-19 à peste suína (ondivula, em umbundu) ou à peste dos galináceos (otyinkhya, em nyaneka, ou otchikupuka, em umbundu).

As informações desencontradas não têm que ver somente com a rapidez com que o mal se espalhou, e tal demandou dos governantes e do pessoal de saúde atenção redobrada, mas, sobretudo, com a falta de estratégia em lidar com o perímetro rural.

Convém ressalvar que o folheto da Comissão Intersectorial para o Covid-19, impresso por ocasião da expansão da pandemia, está em português, mas até agora não tivemos acesso a material traduzido em línguas locais (pode ser que já haja traduções oficiais).

Em função dessa ignorância da ameaça, tenho estado a acompanhar várias atitudes verdadeiramente deploráveis, de que a população não poderia ser a culpada. A primeira é a do pânico. Há pessoas que pensam que a tal epidemia até se espalha ao longo do asfalto e o mero facto de pisar nele pode ser motivo de contágio.

Outras acham que é uma doença que pertence aos brancos, pois aquilo aconteceu lá longe. Basta evitar contactos com os brancos, especialmente os chineses (aqui chinês é todo o asiático com olhos rasgados, podendo ser vietnamita, coreano, japonês, nepalês, etc.) e todos cujo tom da tez é clara, sobretudo os que vivem nas fazendas. Tal evitará contagiar-se com a nova epidemia.

A terceira, é preciso conservar a distância social, sim, mas para os que vivem fora da nossa aldeia. Se os residentes se juntam entre si, procurando proteger-se dos que vivem fora das aldeias, entre eles levam a vida de convívio e interacção normal, pois o inimigo não é da aldeia, mas é importado, como que pertencesse a ADN de estranhos e estrangeiros. E assim, vivemos hábitos de aproximação e aconchego normais, como abraços, ajuntamentos em festas e óbitos, e até fazer kulipindila, onde o mesmo vaso ou caneca de bebida caseira passa de boca em boca, porque a doença pertence aos de longe, mas a nós não nos afecta.

Na semana passada, fui a um funeral de um dos nossos líderes da Paróquia de Santo António. Parti para lá cheio de regras e práticas deduzidas das orientações do Governo e da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), respectivamente sobre o que fazer em celebrações comunitárias e funerais em tempo do Covid-19. Na prática, eu deveria simplesmente saudar de longe os presentes e a seguir partir para o cemitério para abençoar o túmulo. Ao chegar ao local, uma vez que o único carro disponível era o da Missão, as pessoas nem perguntaram, pois assim a prática o tem ditado. Depois da oração em casa, pegaram na urna, enfiaram-na no carro e foram seleccionadas as pessoas que deveriam fazer companhia à urna, especialmente tias carpideiras e arautos do defunto, tendo a missão de anunciar e implorar aos antepassados enterrados naquele cemitério da vinda do novo membro. Mas tudo isto não aconteceu sem antes ter de saudar os presentes e os idosos e idosas me envolverem em abraços e beijos, pois eu era o pastor que devia estar ali para consolar a pobre viúva e a família.

A maior parte das famílias, quanto mais se embrenha para o interior, não tem nem sequer sabão azul para se lavar. Casos de sarna ainda não estão totalmente debelados. E, portanto, com excepção de famílias ao pé do asfalto, as restantes nunca ouviram falar de sistemas de prevenção.

Além disso, para acrescentar insulto à injúria, nem sequer aqui onde estou, na sede da Missão e aonde se prometeu uma escola, as pessoas (quer as crianças matriculadas, quer os encarregados de educação) ouviram falar de aulas radiodifundidas ou televisionadas, quando em todo o Sector da Kaila, com excepção dos fazendeiros que vivem noutra órbitra planetária, num universo com mais de 2500 famílias, só deve haver eventualmente quatro a cinco televisores, incluindo o nosso da sede da Missão, mas que só ligamos à noite para poupar o gerador e os dois painéis solares.

Por isso, a falta de informação produz medos e pânico de dimensão monstruosa. Por exemplo, há rumores a circularem nas aldeias de que as polícias não podem ver as pessoas a circular no asfalto. Quem for para as vias principais vai ser recebido à porretada pela polícia. Mesmo a expressão repetida à exaustão – «Fique em casa!» – soa desadequada à realidade rural. Algumas famílias têm as suas lavras a dois, três, cinco, dez quilómetros de casa, e abundam as aves que comem sofregamente o grão do sorgo ou do painço, ou ainda o javali, o porco selvagem e outros animais que compartilham das culturas. Se as pessoas não saírem para as lavras, morrerão à fome! Como articular essa necessidade? Sem deixar de ver o caso dos pastores que diariamente olham para o gado de todo o tipo, as mulheres que buscam água a quase dez quilómetros! Como enquadrar a estrita ordem de ficar em casa? Seria viável se a informação fosse democrática.

A tudo isso, acresce a dificuldade de as pessoas obterem os bens de primeira necessidade. Tem sido badalada a ideia de o Governo, através do sistema de assistência social, doar a cada família vulnerável a quantia de 8 mil kwanzas. Isto é autêntico despesismo comparado com as necessidades das pessoas. O programa de assistência alimentar às populações do Sul e Leste de Angola foi um autêntico fiasco, que passará à história como uma das épocas mais negras da gestão do partido no poder e do Governo sustentado pelo respectivo partido.

Quanto às tentativas de se furtar das medidas restritivas do estado de emergência, assiste-se, no interior, a coisas tragicómicas. Por exemplo, há pessoas que estiveram encurraladas em Luanda ou no Cuanza Sul e que foram fazendo seu caminho até à Huila ou mesmo Cunene, viajando através de táxis de trajecto curto, com apoio de taxistas informais, especialmente dos mototaxistas, vulgo kupapatas. Como iludem a vigilância dos centros de tiragem colocados ao longo das estradas? Se vêm de carro, descem antes do respectivo controlo sanitário, fazendo o veículo passar vazio e só com o motorista. Depois de os referidos passageiros darem a volta, tornam a subir para a viatura ou para a motorizada e a viagem continua normalmente. Chegados à família, não há procedimentos claros ao nível das comunidades, e, salvo raras excepções, não há rigorosa vigilância comunitária que preste informações pontuais às autoridades locais.

Quanto aos que gostam de tomar a sua cerveja ou outra bebida alcoólica, existem informações de que os mesmos se encerram em tascas e tabernas (vulgo lanchonetes) para que os polícias em serviço os não encontrem. Mas há casos em que a polícia se dá conta de gente encerrada nesses espaços e, porque é difícil suprimir entusiasmos dionisíacos, infelizmente, ao saírem, inebriados pelo deus do vinho, são recebidos à porretada.

E, para medidas de prevenção, os professores e enfermeiros, ou pelo menos os que têm alguma possibilidade, estão ao comprar bastante limão para fazerem chá ou chuparem, bem como folhas de eucalipto, cidreira, folhas de vutyetye (um produto hortícola muito apreciado na comunidade ngangela) e de tudo o que são chás caseiros para se prevenirem todos do novo coronavírus.

foto/ Sousa Jamba

A isto se acresce a pobreza em termos de capacidade de resposta e articulação do nosso sistema de saúde, que, na verdade, há muito está muito mal. Passei há dias por um desses centros de triagem (a que erroneamente alguns chamam de centros de testagem) e, qual foi minha surpresa, eu que nem febres tinha, o termómetro tinha atingido o pico de 38 graus centígrados. O líder da equipa técnica pediu que eu ficasse na sombra. De 38, o termómetro passou para 34 graus em três/quatro minutos.  

Se realmente o país tivesse a sua democracia bastante avançada, mais concretamente no que toca à liberdade de informação, aqui o trabalho das rádios comunitárias seria crucial. As pessoas no raio de seu alcance poderiam articular mensagens, poderiam ser convidados os responsáveis de saúde para prestarem entrevistas sobre o fenómeno, a responderem a perguntas dos radiouvintes, a passarem informações, actualizando o avanço da pandemia e os esforços em curso no mundo e no país; tal como as aldeias possuem verdadeiros talentos escondidos, jovens com criatividade poderiam criar radionovelas, os cantores de músicas locais poderiam inventar canções com conteúdos de aconselhamento e orientação comunitária. Enfim, teria surgido aqui uma verdadeira abordagem do fenómeno, baseada nos parâmetros culturais do povo local, e muita gente teria sido poupada de tanto pânico e tanta ignorância sobre o Covid-19. Infelizmente, até há pouco, o uso da informação estava manietado como ferramenta de poder e de domínio político do poder em Angola. Se se pensasse no país e nos ganhos, as respostas seriam autênticas oportunidades de salvação para milhares de pessoas.

Se a informação fluísse, uma das pressões que as comunidades poderiam exercer é a de que fossem instituídos o mais cedo possível os testes comunitários. Primeiro, apesar da pobreza e da falta de divisas, não se pode admitir que o país tenha somente cinco mil testes. E uma comunidade informada teria uma participação mais activa e interactiva, não se relegando ao papel de mera e passiva expectadora.

Tal ainda é agravado por alguns dos agentes do MININT que são colocados nos postos de controlo, que muitas vezes interpretam de forma exagerada as ordens, ou ainda, acrescem, ao Decreto Presidencial e às suas normas daí emanadas, as suas próprias ordens. Há imensa ambiguidade nos controlos da polícia. Enquanto uns deixam passar as pessoas e carros para que cheguem às praças para as compras, outros simplesmente mandam regressar à procedência sem apelo nem agravo. Há relatos (o artigo do meu amigo Marcos Mavungo relata isto de forma extensiva) de muitos espancamentos levados a cabo por forças policiais contra cidadãos inocentes. Onde terá o cidadão, ainda mais do interior como eu, possibilidades de reclamar junto do Comando Provincial da Polícia Nacional sobre eventuais abusos contra si?

Até alcançarmos esse sonho de uma democracia plena com respeito ao direito à informação, Deus tem de ser realmente africano para nos fazer escapar da tragédia, porque, a depender somente dos homens, não sinto suficiente segurança nas medidas tomadas no terreno.

*Padre e activista. A partir da Missão de Santo António dos Gambos – Tyihepepe, ao 16 de Abril de 2020.

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