Na véspera do seu julgamento, a ser realizado amanhã, o caso do activista Rafael Marques ganhou repercussão internacional com duas reportagens, no The Guardian e na Folha de S. Paulo, os jornais mais importantes da Inglaterra e do Brasil, respectivamente. Rafael Marques vai amanhã a tribunal, acusado de denúncia caluniosa, devido aos relatos de violência contidos no seu livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola.
A obra denuncia as condições humilhantes nas áreas de produção diamantífera no leste do país, e aponta a responsabilidade “moral” dos sócios e proprietários das empresas de exploração e de segurança que mantinham o sistema a funcionar. Dentro os que acusam Rafael Marques de denúncia caluniosa, está o general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da Casa Militar.
As duas reportagens foram publicadas na sequência do prémio internacional Freedom of Expression Awards, atribuídos pelo Index on Censorship, organização internacional de defesa e promoção da liberdade de expressão. Rafael Marques foi um dos vencedores do galardão, entregue em Londres, na última quarta-feira.
Ambos os jornais recapitulam a trajectória de activismo de Marques e apresentam-no para países que não estão familiarizados com a política angolana. Estão em ambos os textos os relatos da prisão por ter chamado o presidente José Eduardo dos Santos de “ditador” e o processo em Portugal causado pela publicação do mesmo livro sobre os diamantes.
Ao The Guardian, Rafael Marques disse estar bem às vésperas do julgamento e não temer a cadeia. “Não tenho medo de ser preso porque será uma oportunidade de fazer um trabalho de direitos humanos dentro da prisão”, afirma.
Apesar das questões judiciais, Marques promete não interromper as suas actividades. “Não voltei para Angola apenas por uma questão de patriotismo. É frequente que em África as pessoas que fazem um bom trabalho estejam sempre em fuga e sejam considerados vítimas, e é por isso que os trapaceiros estão no poder. Jornalistas são subornados, mas eu disse que não, que isso não aconteceria comigo. Não vão me silenciar, vou continuar a falar, a escrever. É isso o que fazem os bons cidadãos. Como jornalista, é minha obrigação denunciar estes abusos”.
Para a Folha de S. Paulo, que o considera o “inimigo número 1 do presidente”, Marques fala sobre a corrupção generalizada que observa no país. “Angola tem um regime altamente cleptocrático. Qualquer funcionário público, para sobreviver, tem de vender os serviços da sua função. Hoje se compra diploma ou notas da primeira série [classe] ao último ano da universidades. É comum os alunos pagarem aos professores para escreverem as teses”, diz.
Critica ainda o presidente directamente, por permitir a participação dos militares em negócios como os diamantes. “É assim que o presidente [José Eduardo dos Santos] se mantém no poder, permitindo que os generais tenham parte dos negócios do Estado. Em todos os sectores onde haja dinheiro”. Rafael Marques ainda atacar a permanência de José Eduardo dos Santos no poder. “Qual o direito que o presidente tem de ficar no poder 35, 40 anos? Qual o direito tem de fazer dos fundos do Estado propriedade privada sua?”.
Campanha de Solidariedade
A Amnistia Internacional começou uma campanha mundial de recolha de assinaturas em favor da absolvição de Marques.
No pano interno, pode observar há mais de duas semanas banners que denunciam o sistema judicial e político com as seguintes afirmações: “Eu sou Rafael Marques”, “Jornalismo não é crime, prendam os generais”, “No dia 24 vamos lá”, em alusão ao tribunal.
Fonte: RA, AI, & OI.
A voz e a força da liberdade ninguém pode calar ou parar…nao é normal que vejamos, sintamos na pele, oiçamos gritos de sufoco de gente à nossa volta…coisas assim eficarmos quietos ecalados pq alguem nao quer ou nao gosto que falemos alto o q outros sussuram! NAO…vamos tds com coragem, determinaçao, persistência e ordem lutar pela liberdade e o bem-estar comum…