Rafael Marques cai na “armadilha” dos generais e do regime

Rafael Marques cai na “armadilha” dos generais e do regime

Rafas triste
[Pt|rmc| Rafael Marques]
Ministério Público angolano pede 30 dias de prisão para Rafael Marques. A posição foi anunciada no dia em que foram proferidas, em Luanda, as alegações finais do julgamento que opõe o jornalista angolano a sete generais e duas empresas diamantíferas. Rafael Marques fala numa “cilada”.

O Ministério Público angolano pediu esta segunda-feira (25.05), 30 dias de prisão para o jornalista e activista Rafael Marques. Segundo avançou o advogado do arguido, David Mendes, o Ministério Público entende que não há provas das acusações feitas no livro “Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola”.

Esta é uma posição inesperada tendo em conta que, na passada quinta-feira (21.05), as partes envolvidas no processo alcançaram um entendimento para pôr um ponto final no caso. David Mendes sublinhou que Rafael Marques se comprometeu a retirar o livro de circulação, como prova de “boa-fé” no processo. Os assistentes desistiram do pedido criminal e cível, “aceitando as explicações do Rafael” e que o activista “não tinha intenção de os denegrir”. Na sequência desse entendimento, Marques e os representantes dos generais prescindiram de levar as suas testemunhas ao julgamento.

À saída do tribunal, Marques disse estar extremamente chocado com a posição do Ministério Público.

“Acho isso extremamente ofensivo, porque eu trouxe as minhas testemunhas, mais de oito, cinco vezes a Luanda, com muito custo. Eu desisti de apresentar as testemunhas em tribunal porque acreditei na palavra dos generais e do Estado angolano”, disse. “Lutarei para reparar essa falha da minha parte, ter desistido das minhas testemunhas.”

O jornalista acredita agora que o entendimento alcançado terá sido uma “cilada” e deixa um aviso ao regime do Presidente José Eduardo dos Santos: “O Estado angolano há-de conhecer-me de uma forma muito mais dura”, afirmou.

O advogado de Rafael Marques, David Mendes, assegurou, por seu lado, que “a qualquer tipo de condenação, nós vamos interpor recurso. Não houve intenção criminosa, por parte do Rafael, de imputar factos que não eram verdadeiros.”

A sentença deste caso, sobre alegadas violações dos direitos humanos nas províncias diamantíferas das Lundas, deverá ser lida na quinta-feira (28.05), no Tribunal Provincial de Luanda. A DW África procurou, sem sucesso, ouvir os advogados dos generais.

Fonte: DW-África. O título é da responsabilidade do OI.

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2 Comentários

  1. Mário Gataca

    Conseguiu-se a victoria muito soada nas batalhas contra o colono, ultrapassaram os desentendimento entre irmão(será?) calaram-se as armas! mas a nação ainda não alcançou a paz nas nossas consciências, tudo porque o regime vigora e acham-se absoluto ou soberano nas criações das politicas para combater os mais desfavorecidos combatem os pobres ao invés da pobreza. Porque é que não somos servidos pelos governantes? a função deles não é esta (de nos servirem)? mas também noto de um tempo a esta parte se não sempre que nos é quem permitimos que situações como esta se perpetuem. É sabido que ao invés deles preocuparem-se em resolver os problemas daqueles que lhes elegeram fazem exatamente o oposto! e os responsáveis por isso já frisei, Angola as tuas lagrimas banham os rios e quem falar do assunto é silenciado, sabe Deus como! será que não pode surgir um Nelson Mandela, um Martin Luther KIng etc… Tenho esperança que os meus irmãos angolanos acordem pois os lideres desta nação fizeram nos a cama mas retiraram os pregos! Até quando continuaremos a sobreviver e não viver apenas? Rafael Marques conto contigo!

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